quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O complicado é ser simples.

Era um dia chuvoso. E silencioso. As palavras se esconderam. O som da fala deu lugar àquele bom barulho de chuva.

_ Vou te contar um segredo: andei por muitas estradas e nunca encontrei o verdadeiro caminho que eu procurava. Eram caminhos desiguais, cada um com sua peculiaridade. Fiz de tudo para manter-me dentro dos trilhos. Mas acho que me desviei.
_ É. Entendo. Também passei por isso.
_ Quem não passou? O fato é que, agora, 30 anos depois, eu posso dizer que estou feliz. E sabe qual foi o segredo para isso? Esquecer, abstrair. Cansei de insistir tanto em algo que nem sei ao certo se existia, se estava à minha espera. Acabei largando os meus medo e minhas inseguranças e encontrei-me bem.
_ Fico feliz por você.
_ Obrigada.

Dois minutos de conversa. Uma vida inteira resumida em poucas linhas, poucas palavras. Porque a felicidade é exatamente isso: simplicidade.

_ Eu preciso ir. Foi bom te ver.
_ Igualmente. E boa sorte com o novo emprego.
_ Obrigada. Vou precisar. É o primeiro, sabe? Mas Deus queira que tudo ocorra bem.
_ Vai estar tudo bem, sim. Pode acreditar.

Um minuto de conversa. Crenças e crenças: a fé resumida a poucas palavras. Porque a fé é justamente isso: algo simples, sem muitas explicações - é sentimento.

Seguiram seu caminho. Voltariam a se ver dois ou três dias depois, para que pudessem comentar sobre o primeiro emprego dela. Porque afinidade é isso: um contato simples, verdadeiro entre duas pessoas que se importam uma com a outra. Não precisa de mais nada.

A vida é assim... simples. As pessoas que têm uma certa obsessão delirante pelo complicado... colocam tantos significados em coisas que explicam-se em duas ou três palavras. Onde anda a simplicidade das coisas?

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